quarta-feira, 8 de julho de 2009

A formação do Jornalista

Darlan Santos

A polêmica em torno do diploma de Jornalismo (que culminou na não obrigatoriedade) é antiga e ganhou força a partir de 2002, quando a 16ª Vara Cível da Justiça Federal suspendeu, pela primeira vez, a exigência de formação acadêmica para a obtenção do registro profissional no Ministério do Trabalho. De lá para cá, acirrou-se a queda de braço entre os defensores do diploma e aqueles que o consideram dispensável.

A questão é controversa e pode ser analisada sob pontos de vista diversos. Obviamente, o "saber redigir", o "faro pela notícia" e a capacidade de conduzir uma entrevista não são aptidões natas, mas nem por isso se encontram enclausuradas por detrás dos portões de uma universidade. Podem, certamente, ser desenvolvidas por meio da prática. Mas ser jornalista não se resume a isso. A importância da aprendizagem, adquirida durante quatro anos de faculdade, é algo inegável e essencial para quem atua no setor.

Ignorar essa realidade seria jogar por terra o ensino da Comunicação Social, iniciado no Brasil há mais de 50 anos. Foi por intermédio das faculdades de Jornalismo que se consolidou o fazer jornalístico no país, tal como se realiza atualmente. Desprezar a necessidade de uma graduação é retroceder no tempo, voltar à primeira metade do século XX, em que literatos e profissionais de variadas áreas, como advogados e médicos, responsabilizavam-se pela confecção das notícias. Nessa época, o Jornalismo não possuía uma identidade própria, confundindo-se facilmente com a literatura, sem ao menos se prender a um estilo específico.

O desenvolvimento do curso de Jornalismo deu aos seus profissionais um perfil definido, contribuindo para que a mídia ocupasse lugar de destaque na sociedade, alcançando o status de instituição confiável e prestadora de serviços. Não se trata de uma mera defesa do diploma – aquele papel que muita gente prefere enquadrar e pendurar na parede da sala.

O que ressaltamos é a necessidade de uma formação embasada, através de instituições que possam oferecer aos alunos professores qualificados, laboratórios variados, bibliografia específica e uma gama de ensinamentos, que, nos dias de hoje, vão muito além do “escrever corretamente”.

Para atuar em grandes empresas de comunicação, rádios, televisões, sites, assessorias de imprensa e tantos outros setores, o jornalista precisa saber muito mais; deve dominar variadas técnicas e demonstrar habilidades. Exigências que, há algumas décadas, sequer eram cogitadas.

“Naquele tempo”, talvez fosse realmente possível aprender jornalismo na prática. Mas na era das novas mídias e da especialização, que se estende a todas as carreiras, essa missão é quase impossível. E o tempo mostrará isso. Ainda que o diploma de Jornalista continue sendo opcional, a formação nunca perderá sua importância.

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